A mitologia Greco-Romana nos conta que existiu, em um passado muito remoto, um deus chamado “JANUS”. Janus nasceu na Tessália, Grécia, e foi conhecido como o deus da “dualidade”, o deus da dupla face. O primeiro mês do ano, janeiro, recebeu seu nome em homenagem a esse deus, que era retratado como tendo dois rostos antepostos, ou seja, duas caras. Uma olhava para trás e a outra para frente. Era ainda assim representado com uma chave na mão direita e um bastão na esquerda. Com a chave abria as portas de um templo que foi edificado em sua honra, em Roma, o qual se mantinha sempre fechado em tempo de paz. Em honra desta divindade, os romanos costumavam visitar-se no primeiro dia do ano e trocarem presentes.
A ideia de por o nome deste deus romano, foi com o intuito de dizer que o mês de janeiro possui a peculiaridade de ser o único mês capaz de ver o ano que passou e também enxergar o ano que virá. Janeiro, portanto, é um mês estratégico, onde podemos olhar para trás e extrair todas as lições que passaram e, também o mês onde podemos olhar para frente e estabelecer as metas e os objetivos que desejamos para o nosso futuro.
Confúcio observou certa vez: “estuda o passado se queres prognosticar o futuro”. Antever o futuro e saber com antecedência os fatos que hão de acontecer é um dos mais antigos desejos do homem. Inclusive, métodos dos mais estranhos já foram usados para consultar os mistérios do futuro. No entanto, nada é mais útil do que olhar para o passado para se preparar para o futuro.
É no passado que observamos onde erramos e por que erramos. É nele que revelamos toda nossa imaturidade e infantilidade. É no passado que recorremos à sabedoria dos grandes pensadores e, é nele, que encontramos todo o legado deixado para sermos melhores ainda do que eles foram.
Os grandes homens da história sempre atribuíam seus feitos a sabedoria oriunda do passado. Foi assim, por exemplo, com Sr. Isaac Newton quando afirmou: “Se enxerguei mais longe, foi porque estava sobre os ombros dos gigantes”. Gigantes estes, que viveram no passado. O brilhante e polêmico estrategista Nicolau Maquiavel estudou intensivamente os grandes estadistas do passado, para escrever o seu mais extraordinário tratado de política: O Príncipe.
Numa sociedade onde todos focam quase que unanimemente para o presente e o futuro, olhar para o passado parece soar como algo ultrapassado e obsoleto. Para outros, o passado representa uma história a ser esquecida e sepultada, talvez pelos fracassos e derrotas que obtiveram. Entretanto, como dizia Joseph Ernest Renan: “Os verdadeiros progressistas são os que partem de um profundo respeito ao passado.” Alexander Puschkine, nesta mesma esteira, anotava: “O respeito pelo passado, eis o traço que distingue a instrução da barbárie; as tribos nômades não possuem nem história, nem nobreza”.
O ano de 2011 está aí, preparado para ser explorado e vivido. Quando for tomar alguma decisão, não se esqueça de olhar para os dois tempos e, ter, pelo menos neste aspecto, “duas caras”.