segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Se não pode com ele, junte-se a ele

Na mitologia Grega, Zeus resolve iniciar Hércules nos mistérios do Olimpo, entregando-lhe 12 tarefas para que trilhasse o caminho iniciático. O primeiro trabalho seria salvar os homens da Terra, matando o Leão de Neméia, um animal terrível, concebido por Selene, uma temida feiticeira, que querendo vingar-se dos habitantes da cidade que a haviam expulsado, faz surgir esta criatura. Cobrindo a pele do leão com uma poção mágica, ela se torna indestrutível, sendo incapaz de ser transpassada por qualquer arma criada pelos homens. Quando saía da caverna devorava os habitantes da cidade, do mais humilde ao mais poderoso.

Depois de fracassadas tentativas de matar o leão, Hércules despoja-se das suas tradicionais armas e parte para cima da fera, agarrando a garganta do leão e puxando com força, quebrando seu pescoço, matando assim, o animal. Em seguida arranca o pelo do leão e faz uma armadura. Com o crânio faz um capacete, que usaria em todas as outras 11 tarefas.

Todo mundo tem um leão de Neméia para enfrentar na vida. E como na mitologia, esse monstro geralmente é aparentemente imbatível e assustador. Para mim, ele tem um formato próprio e pessoal. Para você, tem outro completamente diferente. No fundo, todos impõem medo e preocupação e costumam fazer nossas pernas tremerem, mesmo quando temos empunhado nas mãos, todas as armas aparentemente necessárias para enfrentá-los.

É nesse ponto que aprendo o segredo da estratégia de como lidar com o adversário quando ele parece ser imbatível. Se você não pode com seu inimigo, junte-se a ele, afirma o adágio popular. Juntar-se, nesse sentido, não significa compactuar-se com suas artimanhas e falcatruas, mas sim, colar-se a ele a ponto de identificar seu ponto fraco e subjugá-lo, como fez o herói grego, Hércules.

Essa é a razão do porque os serviços de inteligência inserirem espiões no seio dos seus inimigos, procurando obter informações sobre os pontos fracos dos seus adversários. Se a informação em tempo real é poder para você, o mesmo não ocorre para seus oponentes - que como o leão de Neméia - ficam vulneráveis, mesmo que estejam dentro das suas cavernas.

Outra lição aplicada ao caso é saber usar a força adversária a seu favor. Um surfista é um bom exemplo do que quero dizer. A onda é o “mostro” a ser batido. Ela vem de forma agressiva em sua direção, mas o surfista não a encara imprudentemente. Pelo contrário, ele se posiciona de forma paralela a onda e usa sua própria energia para deliciar-se sobre seus “ombros” e gozar do prazer que só o surfista sabe qual é.

Pessoas que venceram na vida (de forma honesta) conseguiram isso, porque souberam transformar a força da adversidade na sua própria energia, usando a couraça do leão como armadura e seu crânio como capacete.

Os especialistas afirmam que o ar é o único obstáculo que uma águia tem de ultrapassar para que possa voar de forma mais fácil. Entretanto, se o ar for retirado, a ave tende a perder altitude e fatalmente se esparrama no chão. O mesmo elemento que oferece resistência para seu vôo é, ao mesmo tempo, a condição necessária para fazê-la planar.

O mesmo ocorre com o barco a motor. Para andar, ele tem que romper a resistência da água, no entanto, se não fosse essa resistência, o barco não sairia do lugar.

Pare e pense por um momento e, decida se vale ou não a pena entrar na caverna. Se entrar, não se esqueça de juntar-se ao seu inimigo e fazer da força dele, a sua. Pense nisso.