A grande muralha da China é uma impressionante estrutura de arquitetura militar construída durante a china Imperial. Seus muros, em geral, apresentam uma largura média de sete metros na base e de seis metros no topo, alçando uma altura média de sete metros e meio, tendo aproximadamente três mil quilômetros de extensão. Fora construída com o objetivo de proteger a China das constantes invasões dos povos do Norte.
A magnitude da obra, entretanto, não impediu as incursões de mongóis, xiambeis e outros povos que ameaçaram o império chinês ao longo de sua história. Durante os primeiros cem anos da existência da muralha, a China foi invadida três vezes e, em nenhuma delas os inimigos derrubaram a muralha ou a transpuseram. Muito pelo contrário, em todas as oportunidades eles subornaram as sentinelas e penetraram pacificamente pelos portões de acesso.
Hoje vivemos a era dos sistemas. Praticamente tudo hoje em dia, é pautado pelos esquemas, modelos, métodos, equipamentos e assim por diante. Milhões de reais são gastos para se montar uma estrutura que obtenha resultado. Empresas e governos investem verdadeiras fortunas para a implantação de soluções, geralmente vinculadas aos métodos e mecanismos.
Foi assim, por exemplo, com a opulenta muralha da China. O sistema de segurança era impecável para os padrões da época. Nenhum homem era capaz de romper aquela estrutura de segurança, nem tão pouco destruí-la, mas ainda assim, todo aquele investimento se viu diluir e fracassar mediante a fraqueza da natureza humana.
Não adianta adquirir blindados, novas viaturas, armas de última geração e equipamentos ultra super modernos, se o elemento humano (caráter) continua corrompido, fraco e claudicante. O homem continua sendo o código de segurança das estruturas que ele mesmo desenvolve. Ele é a chave mestra que abre todas as fechaduras. Ele é a engrenagem central de qualquer tipo de sistema, seja ele de segurança, de governabilidade ou de qualquer outra atividade corporativa.
O Brasil gasta em média R$ 40 bilhões por ano em segurança pública e boa parte deste montante é voltado para estrutura material, quando na verdade deveria ser focado na educação de base, no desenvolvimento do caráter e da personalidade das pessoas. Investimentos públicos devem ser feitos em parcerias com ONGs, Igrejas e outras entidades que visam à essência do ser humano. A família precisa ser prioridade das políticas públicas, porque investindo nela, se gasta pouco com segurança pública.
O policial tradicional inglês tem a fama de não portar armas de fogo no seu dia a dia e, há quem diga que isso ocorre exatamente pelo forte e intenso investimento em educação de base que o governo imprime na população, visando educar e moldar o caráter do cidadão no tocante a torná-lo um cidadão que respeite as leis do seu país e seja um cidadão de bem.
Do mesmo jeito que recebemos e aperfeiçoamos o futebol inventado pelos ingleses, que façamos o mesmo com outros modelos bem sucedidos, como o de políticas voltadas para educação e desenvolvimento social. Quem sabe assim, não acabamos fazendo um bom negócio, ou melhor, um negócio da china, sem a muralha, é claro.