segunda-feira, 4 de abril de 2011

As melhores fotos são reveladas nos ambientes mais escuros

Conhece o leitor o romance de Alexandre Dumas, intitulado O Conde de Monte Cristo? Trata-se de uma obra que versa sobre a condenação e encarceramento de um inocente, motivados não por erro de justiça e sim, por conveniência de pessoas envolvidas no retorno de Napoleão da Ilha de Elba para recuperar o trono perdido.

Durante uma década e meia, Edmond Dantès (um homem indouto e sem qualquer erudição) é mantido preso e em extremo sofrimento na temida prisão de Chateau d´If, uma fortificação localizada em um dos arquipélagos franceses. Na prisão, ele conhece um sábio abade, que lhe passa todo o conhecimento científico da época, tornando-o um homem ricamente instruído em sabedoria e conhecimento. Depois de conseguir fugir de forma espetacular da prisão, Dantès reaparece em Paris acobertado sob o manto de riquíssimo e poderoso nobre estrangeiro de nome Conde de Monte Cristo, com o firme objetivo de restaurar a sua justiça particular.

Depois de ler e ver o filme, não pude deixar de fazer um paralelo com vida real. De imediato, entendi que quando o jovem Edmond Dantès vivia livremente, podendo se deslocar de um lado para o outro, na verdade ele estava mais preso que um canário na gaiola. O fato de não possuir instrução básica e fundamental, o tornava uma presa fácil para qualquer oportunista que o cercava. Ele não tinha senso crítico e nem tão pouco discernimento das coisas da vida, sobretudo da maldade humana.

A falta de conhecimento, ao longo da história da humanidade, escravizou e ainda escraviza povos e nações por todos os cantos do planeta, tornando um campo fértil para políticos e ditadores oportunistas. Um homem sem instrução e sabedoria, ainda que goze de plena liberdade, vive tão preso quanto qualquer indivíduo condenado em regime fechado. Sua vida não diferencia muito a de um animal selvagem. Sua única válvula de escape são as leis e as normas sociais que o protege. A ignorância é o gatilho da derrota e do fracasso em qualquer atividade humana.

Na sequência da história, Dantès, já dentro da cadeia, restrito a uma prisão que restringe o homem fisicamente, mas não intelectualmente, recebe - por intermédio de um velho sábio – o mais extraordinário e sólido tesouro que um ser humano pode receber: a sabedoria. Foi na prisão que ele aprendeu filosofia, economia, ciências sociais e políticas. Aprendeu, também, a arte da guerra e das estratégias. Descobriu que, mesmo que um homem não tenha sequer um bem material ou status, ainda assim pode ter tudo, contanto que tenha inteligência.

Foi dentro de um calabouço, que o Apóstolo São Paulo escreveu quase a metade do Novo Testamento. Foi dentro de uma prisão e debaixo de muita humilhação que Mandela promoveu a mais comovente e popular revolução deste século conhecida como o Apartheid, na África do Sul. É dentro de uma prisão e, muitas vezes embebedado no sofrimento que o homem descobre todo seu potencial. Lá, não há lugar para a vaidade e nem para o orgulho (venenos que contaminam a alma). É no frio e na desconfortável cadeia que a soberba dá lugar para humildade; a ostentação para simplicidade; a prepotência para solidariedade e, é bem ali, no limite das suas forças que o homem se vê forjado e fortalecido para encarar todos os seus desafios e alcançar seus objetivos. O fracasso, como salienta John Maxwell, “é a melhor forma de conhecer quem você realmente é”.

A prosperidade doada, porém não conquistada; a riqueza presenteada, no entanto sem o mínimo esforço, acaba enganando e criando uma falsa liberdade que, com o tempo, leva muitas pessoas a depressão e até mesmo a morte. A águia tem por hábito colocar espinhos no seu ninho, com o intuito de, aos poucos, ir espetando e dificultando a vida de seus filhotes, para que os mesmos saiam da zona de conforto e aprendam, com as próprias asas, a voarem.

Edmond Dantès, agora conhecido por Conde de Monte Cristo, retorna para o mundo e para a vida não mais como uma ovelha frágil e indefesa, mas como um leão astuto e resistente. Reconquista tudo o que perdeu e, o melhor, em dobro. E o grande paradoxo é que quando ele estava livre, no fundo estava preso e, quando esteve preso, na verdade se tornou livre.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O maestro rege a orquestra de costas para a plateia


Certa vez, tive o privilégio de assistir a uma apresentação realizada por uma orquestra sinfônica. Isso ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, há alguns atrás. Ainda ecoa nos meus ouvidos a melodia e a harmonia com que, aqueles músicos tocavam seus instrumentos.
Mas, de tudo que testemunhei naquele final de tarde ensolarado – no Aterro do Flamengo – e o que mais me deixou hipnotizado, foi, sem dúvida, a maestria com que o regente da orquestra conduzia todos aqueles músicos, espalhados estrategicamente à sua frente. Os movimentos suaves e graciosos das suas mãos, onde em uma delas ostentava uma batuta que mais parecia uma vareta encantada, era sedutor e ao mesmo tempo imprescindível para o desenvolvimento da sinfonia.
Contudo, não pude deixar de notar que o maestro, permanecia o tempo todo virado de costas para o público, mergulhado em absoluta concentração não só nos músicos, mas principalmente nos seus gestos e movimentos exaustivamente ensaiados. Destes pequenos e importantes detalhes, é que era possível jorrar aquela espetacular melodia que arrancava suspiros e comovia a todos os presentes.
É realmente assustador, para não dizer trágico a quantidade de gestores públicos, espalhados por todos os cantos, que tentam reger (usando a batuta do seu mandato) suas orquestras (seu staff administrativo),simplesmente virados de costas para seus próprios músicos, contrariando assim, a boa regência filarmônica. A maioria das suas decisões é populista e incoerente e, muitas vezes, não condiz com a necessidade que às circunstâncias apresentam.
Uma coisa é governar de forma popular (de costas para orquestra), outra, completamente diferente, é administrar de modo populista(de frente para a plateia). Quando se governa de frente para a “orquestra” o gestor conduz de um jeito coletivo e principalmente individual os seus músicos – funcionários – procurando corrigir os erros e desacertos que eventualmente venham a ocorrer. Olhando para seus “subordinados”, o maestro estabelece o elo de ligação entre líder e liderado, fazendo as coisas fluírem normalmente, gerando assim, a excelência administrativa. Excelência esta, que se reproduz no benefício da população.
Suas escolhas são cirurgicamente precisas e cada funcionário é colocado na posição certa, onde ele mais produz. Na orquestra dele, violonista toca violino e pianista toca piano. Não há músicos desafinados, nem tão pouco, instrumentistas que não sabem distinguir um clarinete de um trompete. Sob sua regência, os músicos sabem exatamente os seus papéis e qual o momento exato de tocar seus instrumentos.
Quanto àqueles que regem suas orquestras de frente para a plateia, os tais acabam não percebendo os erros e posicionamentos incorretos de seus próprios “músicos”. Viram-se de frente para o público - em plena execução musical - na esperança de ouvirem os aplausos e manifestações oriundas do auditório, mas esquecem que os momentos das suas glórias são exatamente após a conclusão do espetáculo. Onde todos, de pé, os reverenciam.
Vivemos uma crise de liderança na administração pública. Pode-se contar nos dedos os bons gestores espalhados pelo país. É verdade que o modelo de administração pública adotado pelo Brasil é ultrapassado e obsoleto e, somando isto ao despreparo dos homens públicos é alarmante o futuro da governabilidade política da nação. Entretanto, isso não impede que o candidato a um cargo público, possa se especializar e, entender que uma orquestra se gerencia de costas para a plateia.
Pare e pense...

quarta-feira, 16 de março de 2011

O jeito japonês de resolver as crises

A palavra crise (lê-se Kiki) em japonês, possui dois significados básicos, são eles: situação difícil e oportunidade. Levando em conta que a linguagem tem uma forte influência na cultura de um povo, tal antagonismo gramatical exerce grande poder na forma como um indivíduo - bem como uma organização - enfrenta as dificuldades. Prova disso é a forma como o Japão encarou (e vem encarando) suas crises ao longo dos séculos, sobretudo aquelas vividas no período pós-guerra.

Para os japoneses, não importa quão difíceis sejam seus problemas. O segredo para sobrepujá-los não reside, necessariamente, na tentativa de mudar determinada situação, mas sim, em mudar a si mesmo. Quando você muda a si mesmo, tudo em sua volta muda também. E, foi exatamente o que eles fizeram depois da amarga e frustrante derrota para os americanos na segunda guerra mundial. Passaram a investir rigorosamente na educação, sem perder suas origens culturais. Essa inovação alavancou o país do caos pós-guerra, elevando-o a patamares inimagináveis não só na economia, mas também no índice de desenvolvimento humano.

Os que optam pelo significado negativo da palavra crise, costumam, quando enfrentam as dificuldades, culpar os outros; repetir os mesmos erros; achar que fracassará sempre. Ficam limitados pelos erros passados e acabam achando que eles (e não a situação) são os verdadeiros fracassos.

Já os que encaram a crise como oportunidades procuram assumir suas responsabilidades e aprendem com cada erro cometido. Sabem que a crise faz parte do progresso e procuram sempre manter uma atitude positiva. Gostam de desafiar as suposições antigas e conservadoras e, assumem novos riscos, quebrando todos os paradigmas tradicionais e ultrapassados. Aqueles que vencem as crises veem a dificuldade como algo temporário, mantêm expectativas realistas e acima de tudo, se concentram nos pontos fortes.

Outra grande lição ensinada pelo povo japonês quando deparado por uma crise, é mudar os meios, para modificar os fins. Ou seja, parar de insistir na tática errada, mesmo tendo a estratégia certa. Sobre isso, Albert Einstein dizia: “se você sempre faz o que sempre fez, então vai sempre alcançar o que sempre alcançou”. Para que isso não aconteça, é necessário quebrar antigos paradigmas, abandonar o que não serve e, claro, inovar, inovar e inovar.

Ter uma mentalidade positiva diante de uma crise, também é outro fator importante, porque ele põe o medo para correr. O medo, além de ser o mau uso da imaginação, é também uma energia altamente prejudicial ante uma crise, pois ela paralisa e congela quem fica à deriva no centro nervoso de uma situação crítica.

Outra praga, também combatida por aqueles que vencem as crises é a procrastinação. O hábito de adiar as coisas e deixar sempre para amanhã o que se pode fazer hoje, é sem dúvida, o fator que mais contribui para morrer no campo de batalha. Os juros cobrados pela danada da crise são elevadíssimos e suas conseqüências são mortais. Não há misericórdia nem compaixão para aqueles que procrastinam em meio a uma crise.

Recentemente o Brasil passou por uma reforma gramatical consistente. Foram modificadas diversas regras e palavras do nosso vocabulário, entretanto, a palavra crise continuou tendo o mesmo significado. Porém, nada impede que você e eu alteremos seu significado, procurando dar uma nova concepção para a crise, buscando sempre uma solução para superar os momentos difíceis.

terça-feira, 15 de março de 2011

Pequenos Detalhes & Grandes Negócios

Certa vez protagonizei uma experiência um tanto incomum. Estava dirigindo meu carro por uma estrada e de repente escutei um barulho estranho vindo do motor. Imediatamente estacionei meu automóvel no acostamento e fui verificar o que ocorrera. Para minha surpresa, o motor encontrava-se inclinado para o lado direito, impossibilitando continuar meu trajeto. Logo em seguida, liguei para o mecânico e ele rebocou o carro até sua oficina.

Chegando lá, após uma inspeção, foi constatado que um pequeno e discreto parafuso, tecnicamente chamado de “parafuso do calço do motor” havia criado todo aquele transtorno, impedindo, inclusive, que eu continuasse a andar com o carro. Essa coisinha “fútil” era a responsável por sustentar de forma equilibrada o motor no seu local de origem. Uma peça aparentemente tão insignificante, que além de pequena, custava uma bagatela.

Sabe aquelas pessoas que tudo que fazem na vida, sempre executam com maestria? Onde põe as mãos, transformam em ouro? Estou falando daqueles sujeitos que insistimos em dizer que possuem o tal “dom” para realizarem com eficiência e eficácia, tudo que fazem. Tais pessoas possuem o verdadeiro Toque de Midas. Pois é, salvo algumas exceções, a maioria delas possui este diferencial, porque valoriza o que eu e você muitas vezes deixamos passar despercebidos, a saber: os pequenos detalhes.

Constantemente colocamos tudo a perder, porque não atentamos para o todo, para aquilo que julgamos importante, ficando atento apenas nas coisas que, supostamente, consideramos mais importantes.

A história mostra que grandes tragédias ocorreram por causa da falta de atenção nos pequenos detalhes. O Titanic, a explosão da nave espacial Challenger e o acidente na usina nuclear de Chernobyl são exemplos conhecidos de tragédias ocorridas pela falta de atenção nos pequenos detalhes.

Pequenos detalhes definitivamente é o que separa o sucesso do fracasso, fazendo com que haja separação entre a mediocridade e a excelência. John Maxwell costuma dizer que “a água ferve a 100 °C, mas, a 99, 52 ° C, ela não passa de água quente. Um grau a mais, um aumento de menos da metade de 1%, pode fazer a diferença entre uma caçarola de água sem fervura e um caldeirão efervescente de poder”. Pois é, o percentual para geração de poder e energia se encontra em apenas 1%. Ou seja, num pequeno detalhe.

Incrível como deixamos escorrer pelas nossas mãos a oportunidade de ser bem sucedido num projeto, numa empreitada, nos negócios e até mesmo num relacionamento, simplesmente porque deixamos de ir um pouco mais além do que deveríamos em nossa jornada.

Dar pequenos passos sistematicamente em posições estratégicas é a receita para o êxito. Brasília não foi construída num único dia nem você começou a andar na primeira tentativa. Teve que, nos pequenos detalhes ir levantando e caindo até, em fim, conseguir caminhar. O mesmo se deu no aprendizado do idioma. Começou com o pequeno detalhe das vogais e das curtas palavras, até conseguir pronunciar as extensas e complexas frases.

Se você tem por hábito ignorar os pequenos detalhes, lembre-se que ninguém tropeça em montanhas, mas sim em pequenas pedras. Portanto, não se esqueça: são nos pequenos detalhes que residem os grandes negócios.