- “Faça isso ou te despedirei...”
- “Se não se enquadrar nas regras, estará em maus lençóis...”
- “Ou você me apoia, ou sofrerá às conseqüências...”
Provavelmente você já deve ter ouvido expressões como essas em algum momento da vida, certo? Pois é, foi agindo assim – coagindo, chantageando e usando de autoritarismo – que vários líderes (que um dia foram ovacionados) mergulharam no mar do esquecimento e perderam todo o respeito que tinham.
Ludibriados por uma falsa concepção de poder, líderes espalhados por todos os cantos, tem cometido equívocos por não saber distinguir o que é ter poder do que é ter autoridade. Poder, nos dizeres de James Hunter é a capacidade de obrigar – por causa de sua posição ou força – os outros a obedecerem à sua vontade, mesmo que eles preferissem não fazê-lo. Em contrapartida, a autoridade envolve a habilidade de conduzir as pessoas a fazerem – voluntariamente – o que você quer que elas façam, por meio de sua influência, sem, contudo, ter que ameaçar ou coagir quem quer que seja.
O poder, em sua essência, pode ser comprado e vendido, delegado e revogado, emprestado e devolvido. Ele frequentemente está associado ao que a pessoa tem, e não ao que ela é, como no caso da autoridade. O poder, constantemente obriga e, é provisório, ao passo que a autoridade, se restringe a pedir e, está intrinsecamente ligada a essência da própria pessoa. O poder tem por hábito dizer: “faça isso se não você vai ver...”. Enquanto a autoridade afirma: “Farei isso por você...”.
O poder, de certa forma, funciona por um pequeno espaço de tempo, mas não passa de um atalho enganoso e escorregadio. Aquele que o exerce, se sente forte e seguro até o momento em que sua posição lhe é tirada. Na boca é como o vinho, mas quando desce é amargo como o fel e seu efeito é destruidor. Por outro lado, a liderança baseada na autoridade é oriunda da capacidade de conduzir as pessoas - pelas suas próprias vontades - a aderir um sonho e um objetivo estabelecido pelo líder, por causa de sua influência.
Na história, há abundantes exemplos de líderes que exerceram seus comandos exclusivamente com o poder (deixando de lado a autoridade), usando efetivamente a posição que possuíam – e não a influência – o que acabou custando suas próprias vidas. Hitler, por exemplo, preferiu o suicídio quando viu sua fortaleza ruir frente à invasão dos aliados. Julio César, imperador romano, foi assassinado, vítima de um complô. Dario III da Pérsia foi morto exatamente depois de perder seu reinado num combate com Alexandre O Grande.
Quando se usa a autoridade nos relacionamentos interpessoais e na organização onde você comanda, o respeito e a admiração são semeados de modo a gerar frutos de fidelidade e dedicação por parte dos seus liderados.
O poder é tradicionalmente adquirido por meio de nomeações e posições adquiridas de forma direta e indireta. Já autoridade é desenvolvida no convívio diário com as pessoas, através da dedicação em servir. Para mostrar que é no serviço e na dedicação aos outros que se concebe a liderança baseada na autoridade, foi que Jesus se inclinou para lavar os pés dos discípulos, chamando à atenção de todos os seus liderados para o fato de que líder não ostenta e sim sustenta seus companheiros. O mestre gostava de dizer que: “qualquer que entre vós desejasse ser o primeiro (líder), deveria primeiro servir” (Mateus 20.27). Afirmava isso, porque quando você serve, você honra (lavar os pés na cultura judaica era uma forma de prestigiar o indivíduo) o membro da sua equipe, gerando nele um espírito de respeito e cumplicidade que será revertido no próprio exercício da sua liderança.
Diante de mim e de você encontram-se dois caminhos diferentes. O caminho do poder e o caminho da autoridade. O primeiro te exalta para em seguida te humilhar e, o segundo te humilha, para no fim te exaltar. Faça sua escolha.