sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O veneno da comparação


“Gostaria que meu marido fosse tão romântico quanto o de Laura”
Esta foi a queixa de Nadia, durante um café quando visitava sua mãe. Nadia de 43 anos, dentista, é casada há 10 anos com Eduardo, de 45 anos, gerente de uma loja de eletrodomésticos. Nadia está um pouco acima do peso e se veste com roupas apropriadas para sua medida. Laura, sua irmã, de 33 anos, é casada há 7 anos com Inácio, também de 33 anos. Ela é alta e mais magra que Nadia e poderia ser perfeitamente uma modelo.
O comentário de Nádia foi porquê ficou sabendo que Inácio havia comprado um lindo cordão de ouro para Laura. Na verdade, Inácio está sempre comprando presentes para Laura. Já Eduardo, embora seja um bom marido, não é tão carinhoso nestes pequenos detalhes. A mãe de Nadia, após ouvir atentamente esta reclamação, balançou a cabeça em sinal de reprovação depois que Nadia concluiu sua lamentação.
Vivemos frequentemente nos comparando uns com outros e, fazemos isso nas melhores e nas piores características. Basta olhar para o lado e lá estamos nós, novamente, comparando alguma coisa com alguém. Comparamos nosso salário, nosso corpo, nosso carro, nossa casa, nosso currículo e pasmem-se, até mesmo nossas esposas e maridos.
Não adianta, por mais atraente que você seja sempre encontrará alguém que chame mais a atenção que sua pessoa. Se você é bajulado pela autoridade que possui, vai se deparar com alguém acima de você. Se seu orgulho debruça sobre o dinheiro, o mesmo ocorrerá. Esteja onde estiver, seja quem você for e tenha o que tiver, sempre aparecerá alguém que te superará. Mesmo que você seja um recordista em alguma coisa nesta vida, ainda assim alguém, em algum momento, derrubará sua marca.
Quem tem por hábito estar se comparando, vive sempre frustrado e insatisfeito consigo mesmo. Quer sempre mais do que deseja e, deseja mais do que pode. Tem a ambição de crescer não apenas para melhorar sua qualidade de vida, mas principalmente para ostentar e mostrar para todos a sua grandeza e superioridade.
O sujeito que vive fazendo comparações, acaba se tornando um indivíduo depressivo, ambicioso e, sobretudo invejoso. Quanto a este último, o jesuíta medieval Baltasar Gracián dizia que “o invejoso não morre apenas uma vez, mas todas as vezes que seu rival é aplaudido”.
Evidente que não nascemos assim. Isso foi à criação que tivemos. Foi na construção da nossa personalidade e do nosso caráter que erguemos e cimentamos esse péssimo defeito. Nossos pais nos ensinaram a nos comportar assim, porque foram pressionados a adotar essa filosofia de educação, baseada numa sociedade que usa fatores econômicos, materiais e externos como parâmetros comparativos.
Quando nos comparamos com os outros, aos poucos vamos destruindo todas as chances de sermos felizes. É uma jornada que jamais deixaremos de percorrer. Por outro lado, devemos fundamentar as decisões baseadas em nossas próprias vidas, na vida que realmente queremos ter e, não nas vidas de outras pessoas, ou na vida que os outros pensam ou imaginam que deveríamos ter.
O escritor Frances Jean Rostand recomendava que “quando você se pegar comparando o sucesso de sua carreira ou negócio com o de outra pessoa, pegue seu diário. Pare por um minuto e pense em tudo que ela abriu mão para conquistá-lo. Escreva essas conclusões na linha de baixo e depois se pergunte se você faria o mesmo sacrifício”.